19 de Novembro de 2009
Dia 1, Lisboa/ Cairo
A chegada ao aeroporto foi atribulada. Depois uma hora perdida em burocracias saímos finalmente daquele aeroporto sufocante. Pude ver, finalmente, aquela cidade magnífica, caótica, confusa, movimentada... Era uma novidade para mim!
Os cairotas são conhecidos pela sua maneira de comunicar ao volante. É hilariante a maneira como buzinam por tudo e por nada, mas ao contrário de nós, eles não buzinam para castigar o visado mas sim para o avisar das manobras que se aproximam. Ainda assim assisti a vários acidentes pelo nosso percurso.
Já no hotel, e muito cansados, fomos abordados pelo guia da "Image Tours" que nos queria falar das excursões opcionais. Verdadeiros oportunistas, já que toda a gente se encontrava extremamente cansada e sem paciência para esses detalhes. Lá acabámos por fazer a vontade ao insistente guia e "estoirámos" 300 euros em excursões.( 1ª lição: não tomar medidas sob a pressão dos guias e/ou do cansaço!)
O quarto era mesmo reles com 2 camas velhas e bambas. O frigorífico do mini-bar parecia um trator, até tive de o desligar da ficha para não confundir o barulho com um ataque da "Al-quaeda". E o wc?! Foi a coisa mais suja que já vi até hoje. A vista era magnífica! De lá conseguíamos ver as traseiras de uma mesquita. Aliás! O minarete da mesquita era paredes meias com o quarto!
Tinha também lido na internet, no site do hotel, que este tinha vista para as pirâmides de Gisé, aliás, como era sobejamente anunciado em todos os cantos do hotel. Tanga da pura, visto que nos encontrávamos a uns bons 4 ou 5 km de distância das pirâmides.
Tretas à parte, decidimos ir um pouco à rua, como a a maior parte dos portugueses que nos acompanhavam, para espairecer um pouco.
Eram 4 da manhã quando acordámos sobressaltados! Desta vez parecia mesmo um ataque terrorista! Não, afinal eram só os chamamentos da mesquita que nos entravam pelo quarto a dentro. Depois às 5 da manhã voltou a acontecer...
De facto, esta foi a pior parte da viagem. O hotel não está ao nível de um programa da Image Tours, por mais barato que seja. Chega a ser imoral apresentar uma espeluca destas a uma pessoa! Ninguém na agência nos falou das categorias dos hoteis e quais as alternativas. E pra isto que servem sites como o "Trip Advisor". Da próxima vez não será assim!
No Egito existem várias categorias de hoteis, sendo que menos que 5 estrelas ou 5 estrelas superior é suicídio!
Dia 2, Cairo/ Assuão
Acordámos bem cedo e fomos conduzidos ao aeroporto para a ligação Cairo/ Assuão onde nos aguardava um navio de cruzeiro. Do avião tinha vista previligiada sobre o rio Nilo, verdadeiramente magnífico. As áreas verdes e povoadas só existem nas margens do rio, de resto é apenas deserto e mais deserto.
Rio Nilo |
Navio M/S Florence 5 estrelas |
Obelisco Inacabado |
Quando chegámos fomos levados directamente para o navio onde tivemos a primeira boa notíicia. Por avaria do navio que nos era destinado recebemos um upgrade para um navio de 5 estrelas.
Práticamente em jejum, iniciámos a primeira visita do dia: a visita à Grande Barragem do Assuão e ao Obelisco inacabado. A barragem é de facto grande mas nada de especial. O facto que mais me marcou acerca desta barragem, envolveu a sua construção em 1960, quando 24 monumentos tiveram de ser mudados para outras localizações, entre eles o templo de Abu Simbel que infelizmente não visitei e que segundo outras pessoas é magnífico:
Algumas fotos depois dirigimo-nos então ao tal Obelisco Inacabado que não passa disso mesmo. Um grande obelisco com 40 metros que estava a ser esculpido na pedreira hà milhares de anos atrás, quando se rachou, tendo sido deixado para trás.
Barragem de Assuão, ao fundo o templo de Philae resgatado pelo Unesco do "fundo da barragem" |
Dia 3, Aldeia Núbia/ início do cruzeiro
Uma das visitas opcionais consistia numa visita a uma aldeia núbia (ver artigo sobre a excursão) que ficava no outro lado do rio. Entramos a bordo de uma tradicional "Feluca" e iniciamos um mini cruzeiro simplesmente fantástico, a beleza do rio é absolutamente deslumbrante. Depois de atracar nas margens do rio, já próximos à aldeia núbia, saltamos para as costas de um dromedário e fizemos o pequeno percurso pelo meio da aldeia onde visitámos uma casa tradicional onde nos ofereceram chá e Chicha e fizeram uma pequena demonstração com crocodilos do Nilo.
No final tivemos tempo para nadar no Nilo antes da viagem de regresso.
Ao final da tarde e depois de um dia de muito sol no deck do navio, seguimos viagem até Kom Ombo onde chegámos já depois do merecido jantar.
O templo é muito bonito e bem conservado pois foi resgatado do meio do areal. Torna-se um pouco complicado de desfrutar do momento devido à afluência de turistas japoneses (camera freaks!) e Espanhóis que são mais que as mães! E já me esquecia do bando de vendedores a querer vender disfarces para o baile no cruzeiro.
Rumamos a Edfú nessa mesma noite.
Templo de Kom Ombo.., depois daquela multidão! |
Dia 4, Edfú/ Esna
A aldeia de edfú, tal como muitas outras, parece ter sido abalada por um sismo. A evolução aqui é muito lenta, não fossem os cabos da eletricidade eu diria estar no século XVII.
O templo de Edfú é majestoso e encontra-se milagrosamente conservado. Mais uma vez os japoneses foram implacáveis "devorando" todos os planos fotográficos possíveis!
Templo de Edfú (www.marcelodalla.com) |
Depois seguimos em direção a Esna onde o navio tem de passar por uma espécie de comporta já que o nível do rio é diferente.
Comporta em Esna |
Foi uma tarde ótima para aproveitar os 40 graus que se faziam sentir naquela zona. Olhando para as margens do rio, parecia que o tempo por ali não havia passado. As pessoas, vestidas com trajes tradicionais, a trabalhar no campo, a lavar a roupa ou a pescar no rio em frágeis embarcações dão uma certa alma a este local que é de facto mágico. Até as técnicas de pesca que pude observar são muito rudimentares. Os pescadores usam paus para agitar as águas e conduzir o peixe às redes onde é capturado!
Depois de passarmos a comporta de Esna, pudemos contemplar um estupendo pôr do sol nas margens do Nilo.
Pescando no Nilo |
Esna |
Esna |
Esna |
A passar pela comporta... |
Dia 5, Luxor
Amanheceu e eu estava entusiasmado por visitar a tão aclamada necrópole de Tebas e o Vale dos Reis. No Vale dos Reis visitámos 3 túmulos, entre eles o tumulo de Ramsés II, no entanto as múmias não se encontram no vale e sim no museu do Cairo. Dentro dos túmulos o ambiente é um pouco assustador e para quem é claustrofóbico também não é o ideal, mas vale mesmo a pena. Infelizmente no seu interior é proíbido tirar fotos.
Tumulo de Ramsés II (foto:Wikipedia) |
No outro lado da montanha que compõe o Vale dos Reis visitámos o famoso Templo de Hatchepsut.., famoso pelas piores razões já que foi aqui que em 1997 que seis terroristas islâmicos assassinaram com facas e metralhadoras 58 turistas!! Felizmente os tempos são outros e hoje em dia os templos estão cercados por vários polícias armados.
Depois visitámos os Colossos de Memnon mesmo à saída da necrópole de Tebas. São duas imponentes estátuas do faraó Amen-hotep III que seriam as guardiãs do templo funerário do
faráo. O templo tinha cerca de 385 000 metros quadrados, sendo um dos maiores da Antiguidade, mas infelizmente foi devastado pelas inundações do Nilo e pela extracção de materiais.
Hatchepsut |
Um dos Colossos de Memnon |
De seguida foi tempo de visitar os templos de Luxor e Karnak. O que mais me chamou a atenção no templo de Luxor foi a ausência do Obelisco que deveria acomponhar o seu par à entrada do templo. O Obelisco oferecido aos franceses por Mehmet Ali em 1829 ainda continua em França. Hoje os franceses recusam-se a devolver o obelisco.
Templo de Luxor |
Templo de Karnak |
O Templo de Karnak é enorme e foi considerado um dos maiores do mundo. A pouco e pouco o templo ergue-se novamente, por enquanto os trabalhos de reconstrução proseguem. A altura das colunas é verdadeiramente colossal e alguns desenhos ainda mantêm as suas cores originais.
No final da tarde voámos de Luxor para o Cairo numa viagem que foi um autêntico terror com muita turbulência, mas a aterragem ainda foi pior, parecia que o avião se desfragmentava aos poucos!
Dia 6, Cairo
A viagem começou bem cedinho com a visita (finalmente) às pirâmides de Gisé que podem ser descritas numa palavra só: fantásticas! E claro a Esfinge Também!
A visita seguinte foi à Cidadela de Saladino que é um dos pontos turísticos mais populares da cidade do Cairo. Foi fundada em 1176 pelo famoso líder muçulmano Saladino, tendo sido a sede do governo egípcio durante quase 700 anos. A Mesquita de an-Nasr Mohammed é a principal atração do que resta na Cidadela.
Depois seguiu-se o Museu do Cairo onde se pode ver uma admirável coleção de artefactos entre os quais o maravilhoso tesouro encontrado no túmulo de Tutankamón e a sala das múmias.
A sala das múmias vale bem a pena a visita. Quem diria que um dia estaria frente a frente com Ramsés II!
Depois de um jantar típico onde a maioria dos pratos continha carne de borrego (arghhhh!) seguiu-se uma visita a um popular bazar para terminar a noite.
Dia 7, Cairo
No ultimo dia estava reservada uma excursão a Alexandria (seria melhor faze-la no penúltimo dia para n ser tão cansativo). As autoestradas no Egito são de fugir a sete pés e por isso recomendo a quem quiser fazer esta viagem para faze-la com bastante tempo e não no último dia como eu.
Em Alexandria visitámos os jardins e palácio do Rei Faruk que foi o último rei do Egito.
Seguiram-se as catacumbas de Kom El-Shuqaf, um lugar um pouco macabro mas bem interessante. Depois o parque arqueológico de Serapeum com a famosa Coluna de Pompeu com 30 metros de altura, feita em granito roxo de Assuão e envolta em muitos mistérios.
Esta zona da cidade é verdadeiramente pestilenta com ruas esburacadas, cabos elétricos todos espalhados e entrelaçados e um cheiro nauseabundo, bem diferente do glamour da zona costeira.
Para finalizar visitámos a Fortaleza de Qitbay, construída nas ruínas do farol de Alexandria( uma das 7 maravilhas do mundo antigo) e a Biblioteca de Alexandria que foi construída com capitais da união europeia e onde infelizmente não constava o nome do nosso país!
Foi uma viagem inesquecível mas ficou ainda muito mais para ver. Um dia hei de voltar.
Data da viagem: 19/11/2009- 25/11/2009
Agência de Viagens:
Sugar Travel
Site: sugar-travel.pt
Operadora: Image tours (http://www.imagetours.pt/)
Programa: Egito Mágico
Valores: aprox. 990 euros (valores de 2009)
Hotéis:
Husa Pyramids ****
www.husa.es
A minha classificaçao: *
Sujo e velho
Má localização (mesmo ao lado de uma mesquita)
Barulho
Cruzeiro a bordo de M/S Royal Princess *****
http://www.nile-cruise-egypt.com/Nile-Cruises/Royal-Princess.asp
A minha classificaçao: ***
Staff simpático
Quarto confortavel
Piscina no deck deixa muito a desejar
Visitando:
Grande Barragem do Assuão
Templos de Abu Simbel (opcional)
Aldeia núbia (opcional)
Templo de Kom Ombo
Templo de Edfú
Necrópole de Tebas
Templo Deir El Bahari
Colossos de Mémnon
Vale dos Reis
Templo de Luxor
Templo de Karnak
Pirâmides de Gisé
Esfinge
Dia no Cairo (opcional)
Excursão a Alexandria (opcional)
2 comentários:
Fantástico... contado tudo a pormenor. Da próxima, eu também vou! :)
Ai meu deus adorei...aiiiiii falta me o folego, jasus!!! acudem!
O máximo! $-)
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